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Eu o acompanhei até o local marcado, até a escada, ele demorou pra chegar, mas isso passou a não importar. Fomos até a moça que tomava seu “Ades”, isso em sua sala com computador e apetrechos, ela deveria informar-se sobre a miserabilidade de um “certo alguém”, colocar no papel as poucas palavras que ele consegue dizer, a doença de chagas tira sua voz, a vergonha por estar ali inibe-o mais ainda de dizer sobre sua vida, foi o facão e a cana que o deixaram assim, o barbeiro o deixa sem poder comer, sua fraqueza o impede de trabalhar, anos acordando pelas madrugadas quando eu estava comodamente dormindo em minha cama.
Ele busca algo que o torne mais digno, mas antes disso tem que provar seu estado de indignidade. Em minha situação de conforto estou apenas na coxia desse espetáculo de indignidade. Percebo o desconforto alheio, percebo o incomodo que isso gera, e no final de tudo, ela diz que não depende dela, mesmo sendo clara a miserabilidade humana, saímos mais uma vez da sala, e vejo tantos outros, buscando dignidade em um local de indignos.
Fico incomodado, fico mexido, fico pensativo, em minhas parcas emoções, imagino o pensamento daquele que acompanhei, quase 60 anos de idade, dependendo de um estranho para que consiga se expressar, precisando da voz que declara sua indignidade, hoje essa voz foi a minha, e no meio do inquérito uma lâmpada se acende dentro de mim, e Ele me dá a resposta de eu ser o escolhido para estar ali.
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